AMBIENTE DE TESTES E DESENVOLVIMENTO, OS DADOS NÃO SÃO REFLETIDOS EM BASE DE DADOS

Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Análise da dinâmica hematopoética na infecção esquistossomótica com foco na hematopoese extramedular hepática
Bolsista: JULIA SOUZA DE PAULA OLIVEIRA
Orientador(a): Marcelo Pelajo Machado
Resumo: A reação granulomatosa, característica de inflamações crônicas nas quais há predomínio de células do sistema fagocítico mononuclear, é a principal expressão fisiopatológica da esquistossomose mansônica. Esta possui uma estrutura tridimensional compacta e organizada que, junto com as células do órgão afetado, dispõem-se em uma matriz extracelular heterogênea, circundando o ovo – o qual libera antígenos e induz a própria formação da estrutura. No granuloma esquistossomótico hepático maduro é possível distinguir três zonas: central, medial e periférica. Nesta última, principalmente em meio às fibras reticulares, é possível observar a presença de hematopoese extramedular, a qual é regulada localmente e exerce a função de ampliar ou compensar a resposta proliferativa hematopoiética, tendo início por volta do 40º dia pós infecção. Estudos anteriores, inclusive de nosso grupo, já demonstraram topologicamente a presença de hematopoese extramedular nos granulomas e na área subendotelial de alguns vasos sanguíneos, bem como diferenças encontradas na resposta hematopoética medular frente à infecção esquistossomótica. Ensaios in vitro mostraram a presença de células formadoras de colônia nestes granulomas, provavelmente provenientes da medula óssea, que podem ser totipotentes, mas não apresentam capacidade in vitro de autorenovação ao longo do tempo. Ademais, alguns estudos indicam que proteoglicanos contendo heparansulfato podem estimular e controlar a proliferação in situ de células mielóides presentes tanto no espaço perigranulomatoso, quanto nos infiltrados celulares dispostos no fígado. Neste projeto, nos propomos a aprofundar a caracterização do ambiente medular durante a infecção, com vistas também à análise da migração de células tronco hematopoéticas e mesenquimais. Além disso, investigaremos o efeito dos antígenos ovulares solúveis, na ausência da infecção esquistossomótica, sobre a atividade da medula óssea e verificar possíveis mudanças nas populações celulares circulantes no sangue periférico.
Epidemiologia Baseada em Esgoto: sistema de alerta precoce para vírus respiratórios voltado ao fortalecimento da resposta a surtos, epidemias e emergências sanitárias no município do Rio de Janeiro
Bolsista: LARA CORREA UMPIERRE HENRIQUES
Orientador(a): MARIA DE LOURDES AGUIAR OLIVEIRA
Resumo: Dados a morbimortalidade, impacto econômico e o potencial pandêmico, a gripe e a COVID-19 compõe programas de vigilância da OMS e MS1–3. Juntamente com outras viroses respiratórias figuram dentre as principais causas de absenteísmo4–7. Essas viroses apresentam amplo espectro clínico, variando de infecções assintomáticas ao óbito8–10. Após a exposição viral, o período de incubação da gripe costuma ser curto (até 1-4, média 2 dias) em contraste com a COVID-19 (entre 1-14, média 5-6dias)11,12. Cerca de 48.0% e 80.0% dos pacientes podem ser assintomáticos, respectivamente9,13,14 e capazes de transmitir o vírus. As categorias sob maior risco para doença grave/exposição, figuram idosos, indivíduos com comorbidades, gestantes e profissionais de saúde10,15–17. Esses vírus apresentam alta transmissibilidade18,19 e são disseminados de pessoa a pessoa por gotículas de saliva, secreção respiratória ou aerossóis20,21 e, por contato indireto através de superfícies e objetos contaminados22,23. Podem se manter viáveis e superfícies sólidas por algumas horas21,23,24, sendo ainda excretados nos sistemas de escoto e no ambiente, onde a presença do RNA viral torna-se indicador da presença de infectados no território. A epidemiologia baseada em esgoto tem sido usada com sucesso para o monitoramento de patógenos no nível populacional25–27. Muitos países do norte global adotaram o monitoramento sistemático de vírus respiratórios, Poliovírus e outros vírus de relevância pública em águas residuais28,29. Diversos estudos evidenciaram que o aumento da concentração de SARS-CoV-2 em águas residuais precede o aumento da incidência de novos casos na comunidade, consistindo num sistema eficiente de alerta precoce26,30,31. Assim, a vigilância ambiental é estratégica para o monitoramento da dinâmica epidemiológica e evolutiva viral32. A vigilância ambiental também permite monitorar a introdução de novas variantes virais 33–35 e com real representatividade temporal e geográfica. Portanto, constitui uma abordagem estratégica para acompanhamento efetivo da dinâmica epidemiológica e evolutiva viral, de modo a aperfeiçoar a nossa capacidade de intervenção e resposta. O presente projeto consiste em estudo piloto para o monitoramento da circulação de vírus respiratórios (SARS-CoV-2, Influenza) em esgoto coletado em 3 pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro. Essa abordagem ainda não se encontra implementada no contexto da vigilância em saúde no município, de modo que constitui objeto de interesse e colaboração entre da Secretaria Municipal de Saúde e o Laboratório de Referência Nacional (Ministério da Saúde) e Internacional (OMS) para Virus Respiratórios e Enterovírus da Fiocruz. Essas informações são centrais para a construção e implementação do modelo de vigilância baseada em esgoto enquanto sistema de alerta precoce no nosso município e no país – uma inovação relevante no contexto da vigilância em saúde e central para o enfrentamento e resposta à surtos, epidemias e emergências sanitárias.
Caracterizar o impacto dos óleos essenciais encapsulados em levedura na flora bacteriana dos criadores larvares e na oviposição do Aedes aegypti
Bolsista: TAINA DOMINONI BIANCHIN
Orientador(a): Rafi ur Rahman
Resumo: O desenvolvimento de novos produtos de controle de mosquitos é importante para substituir métodos que não demonstram eficácia devido à resistência aos inseticidas, e para aumentar o leque de possíveis estratégias a aplicar no manejo integrado de vetores [1, 2]. Óleos essenciais (OE) são misturas de compostos do metabolismo das plantas produzidos para se protegerem contra microrganismos e insetos. Estes óleos já demonstraram ter potencial para serem usados como larvicidas de mosquito vetores [3], mas a sua integração como inseticidas em programas de manejo integrado de vectores (IVM) ainda não foi realizada [4]. A aluna Tainá Dominoni Bianchin será inserida no projeto “Um larvicida ambientalmente amigável para controle de mosquitos”, focando na caraterização do impacto que os óleos encapsulados em levedura têm na diversidade bacteriana dos criadores larvares e no comportamento de oviposição do mosquito Aedes aegypti. Os óleos com propriedades atrativas/estimulantes para oviposição podem ser utilizados para melhorar armadilhas focadas nas fêmeas grávidas evitando a postura de ovos em ambientes naturais, o que quebra o ciclo reprodutivo do mosquito, enquanto óleos repelentes/dissuasores da oviposição permitem criar estratégias para proteger locais tipicamente usados por mosquitos como criadores larvares, especialmente aqueles que não podem ser removidos do seu ambiente ou apresentam valor económico (e.g. reservas de água potável; produtos industriais ou comerciais, tais como pneus e plantas). Este subprojeto vai permitir entender se o larvicida altera a flora bacteriana após o tratamento e como isso poderá alterar a oviposição dos mosquitos. Para desenvolver a revisão bibliográfica sobre o impacto das bactérias e metabolitos bacterianos na oviposição de mosquitos Aedes aegypti usaremos a estratégia de organização de pesquisa bibliográfica denominada SPIDER (Sample, Phenomenon of Interest, Design, Evaluation, Research Type) [5]. Na parte experimental do projeto, três óleos essenciais encapsulados em leveduras serão utilizados no nosso subprojeto (óleos serão mantidos em sigilo). Ensaios de oviposição em semi-campo serão realizados dentro gaiola Pop-up com mangas (W60 x D60 x H90 cm) em condições ambientais com luz natural e flutuação de temperatura num pátio protegido da chuva, usando quatro ovitrampas (duas tratados vs. duas controles) serão inseridas dentro de uma gaiola pop-up (uma armadilha em cada canto) com um padrão diagonal que varia ao longo dos ensaios evitando o enviesamento associado à localização da ovitrampa. Em cada gaiola, uma fêmea grávida é inserida dentro de uma gaiola Pop-up para inferir o número de ovos postos em cada condição após 24 h à 72 h. O número de ovos é contado nas placas de madeira e na solução para todas as ovitrampas. Este procedimento será repetido quatro vezes para cada OE/concentração rodando a posição das ovitrampas. O índice de atividade da oviposição (OAI) [6] será utilizado para inferir a atratividade/repelência da substância à oviposição. Para verificar o impacto dos larvicidas de óleo essencial na população bacterianas dos criadouros larvares, a técnica de Espectrometria de Massa Maldi-Tof será aplicada em dois tipos de criadores larvares (pneus e recipientes de plástico) para identificar proteínas de bactéria de forma a identificar as bactérias e estimar a diversidade microbiana da amostra. Numa segunda fase, os ensaios de oviposição e a técnica de Espectrometria de Massa Maldi-Tof serão combinadas para verificar grupos bacterianos com maior impacto negativo ou positivo na oviposição do mosquito Aedes aegypti. Referências [1] Moyes C.L. et al. (2017) PLoS Negl Trop Dis,11(7): e0005625. [2] Achee NL et al. (2019) PLoS Negl Trop Dis, 13(1):e0006822. [3] Dias C.N. & Moraes D.F. (2014) Parasitol Res,113(2):565-592. [4] Pavela R et al. (2019) Acta Trop, 193:236–71. [5] Cooke A et al. (2012) Qual Health Res, 22(10):1435-1443. [6] Kramer WL & Mulla MS (1979) Environ Entomol, 8(6):1111-1117.
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